terça-feira, 4 de setembro de 2012

.paixonite.



Ele se mudara pra terra dos sentidos, o tempo tinha adormecido sensações, alterado gostos e cheiros...Se jogar de braços abertos no abismo da paixão tinha ficado no passado. Ele tinha um passado povoado de amores sem fim, de perdas, ilusões e crescimento.Todos os caminhos que ele escolheu pro amor só o levavam a esquina do desamor, esse sim era pra sempre, a dor mesmo superada havia ficado estampada em  sua alma, servindo como um cabresto as asas do sentir.


Um dia ele prometeu a sí mesmo que nunca mais iria abrir seu coração a ponto de ser ferido, ele que já havia sido ferido de morte sangrenta muitas vezes lacrou o pulsar dos sentidos e jogou sua única chave fora, jogou pra longe, perdido no sempre. Ele olhava pra trás e ria do quanto tinha sido tolo, olhava pra frente, fechava os olhos e novamente sentia... Sentia o flutuar do corpo e segurava nas asas das borboletas que voavam em seu estômago. Adolescia com palavras e brilho nos olhos e gargalhava debruçado na janela sentindo o cheiro da lua, sua antiga parceira de tantas noites e lágrimas.

Era muito cedo pra ele estar pensando em tudo isso, já não havia tempo pra tanto sentir,  a primavera não tinha chegado e o seu coração continuava impenetrável. Algo tinha fugido ao controle, alguém parecia ter encontrado a chave, o som, o toque, o caminho... Desconcertado ele corria pra longe e tentava esconder a vermelhidão de sua face e o suar de suas mãos, afinal o melhor da paixão é que ela dá e passa e o sentir é realmente algo do sentiDOR.



Ele fugindo da paixão como o diabo foge da cruz! Maurício Spinelli

2 comentários:

  1. Um presente pra você... o encontro das reflexões do seu "ele" com a minha Flora.

    Capítulo 16: meu, somente meu.


    "Na ordem do inusitado,
    no afeto do inesperado.
    Na intensidade do que só eu sei que sinto.
    Dos egoísmos que,
    sim, eu me permito.

    É tudo meu,
    somente meu.

    Por mim, escrevo.
    Por mim, reflito.
    É por mim que vivo.
    Vivo e torno vivo.

    Um dia vem
    e, no outro dia, um outro vai.
    Mas eu insisto.
    Vivo e torno vivo.

    Para que não haja final,
    ou na certeza de que, no final,
    tudo continuará sendo meu,
    somente meu" (Flora).

    Flora estava em estado de aflição. Liquidificador no peito. Narinas tapadas. Faltava ar. Sobrava coração. Em ebulição. Nitidamente, em transformação. Satisfeita, por um lado, Flora se olhava e se via diferente. Angustiada, por outro, Flora, ao ser olhar e se ver diferente, via Zé ao seu lado.

    Disparador. Motor. Potencializador.

    O que Zé estava provocando? Em que medida Zé era responsável pelo turbilhão de sentimentos que Flora vinha vivenciando? Nada! Zé não podia ser responsável por nada.
    34 anos. Marcas! Vida... Flora foi filha, esposa, era mãe, amiga, cientista social. Muita vida! Zé era só um Zé. Não podia e não era responsável por nada! E, diga-se de passagem, Flora já empurrava o carro há muito quando ele pulou para dentro e recebeu os méritos de fazer o carro pegar no tranco.

    Não era Zé. Era tudo de Flora. Dela. Somente dela.

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  2. Lindo demais.

    A paixão tem cor, prazo e traz dor. :)

    Um abraço

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