terça-feira, 4 de setembro de 2012

.paixonite.



Ele se mudara pra terra dos sentidos, o tempo tinha adormecido sensações, alterado gostos e cheiros...Se jogar de braços abertos no abismo da paixão tinha ficado no passado. Ele tinha um passado povoado de amores sem fim, de perdas, ilusões e crescimento.Todos os caminhos que ele escolheu pro amor só o levavam a esquina do desamor, esse sim era pra sempre, a dor mesmo superada havia ficado estampada em  sua alma, servindo como um cabresto as asas do sentir.


Um dia ele prometeu a sí mesmo que nunca mais iria abrir seu coração a ponto de ser ferido, ele que já havia sido ferido de morte sangrenta muitas vezes lacrou o pulsar dos sentidos e jogou sua única chave fora, jogou pra longe, perdido no sempre. Ele olhava pra trás e ria do quanto tinha sido tolo, olhava pra frente, fechava os olhos e novamente sentia... Sentia o flutuar do corpo e segurava nas asas das borboletas que voavam em seu estômago. Adolescia com palavras e brilho nos olhos e gargalhava debruçado na janela sentindo o cheiro da lua, sua antiga parceira de tantas noites e lágrimas.

Era muito cedo pra ele estar pensando em tudo isso, já não havia tempo pra tanto sentir,  a primavera não tinha chegado e o seu coração continuava impenetrável. Algo tinha fugido ao controle, alguém parecia ter encontrado a chave, o som, o toque, o caminho... Desconcertado ele corria pra longe e tentava esconder a vermelhidão de sua face e o suar de suas mãos, afinal o melhor da paixão é que ela dá e passa e o sentir é realmente algo do sentiDOR.



Ele fugindo da paixão como o diabo foge da cruz! Maurício Spinelli